A busca pelo termo "startup" no Google mais que triplicou nos últimos 10 anos. Segundo a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), o Brasil tem 12.700 negócios que se encaixam nesta modalidade. Este número, de 2019, representa um crescimento de 27% em relação a 2018, quando eram 10 mil empresas. A ascensão é ainda maior quando comparada a 2011, ano de fundação da Abstartups, quando havia apenas 600 negócios.
Goiás conta com aproximadamente 150 startups em diferentes estágios de desenvolvimento. Segundo o estudo da Endeavor, que avalia as melhores cidades para startups no Brasil, Goiânia ocupa a 31ª posição, ou seja, ainda existe muito a ser explorado. Conforme mostram os dados, as startups estão caindo cada vez mais no gosto da comunidade empreendedora. Mas você sabe por que isso acontece? Antes, é preciso que você entenda o que é e como funciona uma startup.
O que é startup?
A ABStartup define startups como "empresas em fase inicial que desenvolvem produtos ou serviços inovadores, com potencial de crescimento rápido." Assim, para ser uma startup é necessário que o negócio esteja em constante busca por inovação e tenha, escalabilidade, repetibilidade, flexibilidade e rapidez.
Gabriel Schimchak, assessor de Tecnologia e Inovação do Senac Goiás, explica que "essa modalidade de negócio busca resolver problemas de uma forma inovadora, baseada na tecnologia e em uma forma de gestão rápida, flexível, enxuta e com alta capacidade de escalar seu produto ou serviço".
Outra característica forte das startups é a forte relação com a tecnologia. A tecnologia da informação é o que permite que a empresa seja flexível, ágil, moderna, globalizada, enxuta e altamente colaborativa. "Quanto mais digitalizada for a startup, mais teremos os seus colaboradores focados na resolução de problemas e não dedicando tempo em tarefas organizacionais que não contribuem com a busca pela inovação", pontua Schimchak.
Não à toa, pode-se perceber como a nossa forma de viver mudou drasticamente nos últimos anos, desde a maneira como nos locomovemos pela cidade à forma como pedimos comida, compramos e pagamos as contas, viajamos e muito mais. Que atire a primeira pedra quem nunca usou um aplicativo para facilitar o dia a dia!
Startup X Pequenos Negócios
É importante destacar que as startups se diferem dos pequenos negócios e empreendimentos tradicionais, sejam eles de pequeno, médio ou grande porte. Essa diferença se dá porque enquanto uma empresa normal resolve problemas de maneira convencional, sem apresentar nada de inovador, as startups contam com alta tecnologia aplicada para oferecer soluções inovadoras e disruptivas.
O modelo de gestão é outro ponto de diferenciação. As startups apresentam um modelo de gestão mais colaborativo, onde funcionários têm mais liberdade de dar sugestões e soluções na criação do produto. Geralmente, eles também ganham pequenas participações da empresa - seja em ações, cotas ou bonificações anuais ou trimestrais.
Vale destacar ainda que a startup nasce de um viés empreendedor e assim como todo empreendimento de risco, traz consigo probabilidades de fracasso.
Mercado em Alta
Segundo a Abstartups, diversas iniciativas fomentaram o mercado e deram suporte ao empreendedorismo no Brasil, o que culminou na criação de um ecossistema favorável para o desenvolvimento e amadurecimento das startups. Em 2018, os reflexos puderam ser sentidos e houve o boom das startups. Em janeiro daquele ano, o Brasil conheceu seu primeiro unicórnio: o aplicativo de transporte 99.
O termo unicórnio refere-se ao valor da empresa. Um unicórnio vale nada mais nada menos que US$1 bilhão. Como são raros, existem cerca de 500 unicórnios no mundo todo, sendo que 70% se concentram nos EUA e na China.
O Brasil tem hoje 16 unicórnios: 99, Nubank, Stone Pagamentos, PagSeguro, Arco Educação, Movile/iFood, Gympass, Wildlife, Ebanx, Loggi, QuintoAndar, Creditas, Loft, Vtex, C6 Bank, Madeira Madeira. Nove delas estão em São Paulo, duas estão em Curitiba e uma no Rio de Janeiro. E não se engane achando que por estarmos em meio à uma pandemia o cenário piora: a expectativa é que em 2021 outras 17 startups brasileiras tornem-se unicórnios.
Em Goiás, algumas startups tiveram grande sucesso e destaque nestes últimos anos: Auvo, Aviso Urgente, Buzz Lead, Easy Crédito, Geoinova, Go Geo, Hiib Technologies, Implanta IT Solutions, Mindify, Nectar CRM, Resultys, Soluti, StayApp e Tilix.
Como começar
Os números fazem brilhar os olhos de qualquer empreendedor. Mas para entrar neste universo, é fundamental que o mesmo esteja inserido num ambiente que favoreça este mercado e todas suas peculiaridades. O assessor de Tecnologia e Inovação do Senac Goiás, Gabriel Schimchak, traz algumas orientações importantes.
Primeiro, o empreendedor de uma startup deve ter muito claro qual é o problema que gostaria de resolver e para qual público/cliente/consumidor. "Saber quais são as dores do seu cliente e como pode trazer a solução para ele, antes mesmo de pensar na tecnologia", destaca Gabriel.
Segundo, o empreendedor deve esboçar vários tipos de soluções e buscar outras pessoas que se identifiquem com essa busca para resolver este problema e discutir formas de trazer inovação para essa solução.
Terceiro, ele também deve ser discutir qual o modelo de negócio a ser aplicado nessa solução e quais os recursos são necessários para materializar a mesma.
"Ter um time alinhado, aplicado, capaz e que compartilhe os mesmos valores que o founder é essencial neste momento inicial da Startup. Também é muito importante ter pessoas com bom conhecimento de Tecnologia da Informação, como desenvolvedores de software e programadores, que vão dar a base tecnológica ao negócio" orienta.
Por último, e não menos importante, o empreendedor deve ser ativo e participar de programas de incubação. Assim, de acordo com Gabriel, a startups "vai ganhando maturidade" e se preparando para receber investimentos que vão possibilitar sua operacionalidade.
Senac Infinite
Com base nesse cenário promissor, o Senac Goiás criou o Senac Infinite, um grupo de atividades relacionadas à educação e empreendedorismo, com iniciativas de inovação. O programa conta com parcerias entre Universidades Internacionais e do Brasil, Polo de Educação Corporativa, Incubadora de Startups, Hub de Tecnologia e Espaço para empresas.
O objetivo é levar temas como educação, empreendedorismo e inovação para alunos, professores, empreendedores, comerciantes, sindicatos, setor público e para todo o ecossistema de Startups no Estado.
A programação já está a todo vapor e em comemoração ao mês da mulher, no dia 30 de março acontece o Forum Woman - Tech, com foco em empreendedorismo de empresárias goianas. O webinar gratuito será às 19h e contará com a participação das empreendedoras Gabriella Gonçalves (CuidoSim), Lidiane Abreu (Governo de Goiás) e Silvana Oliveira (Hub Cerrado).
