Senac Goiás Mercado de Trabalho

Mulheres são só 20% da força de trabalho no mercado de TI

Realidade vem mudando e para instrutora do Senac, predominante presença masculina neste mercado se dá, principalmente, devido a questões culturais

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Vamos fazer um teste? Quando o assunto é tecnologia, quais são os primeiros nomes que vêm à sua mente? É bem provável que você tenha respondido Steve Jobs ou Bill Gates. Sabe por que isso acontece? Porque o mercado da Tecnologia da Informação (TI) ainda é ocupado predominantemente por homens.  
 
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que apenas 20% dos profissionais que atuam nesta área são mulheres. A porcentagem foi confirmada pelo levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), feita com mais de 580 mil profissionais de TI que atuam no Brasil e no mundo. O último censo dos Estados Unidos, por exemplo, aponta que as mulheres ocupam apenas 25% dos empregos em TI. Em 2019, a gigante Google também revelou que apenas 30% do seu quadro de funcionários é formado por mulheres. 
 
Para a instrutora de TI do Senac Goiás, Fabiana Fernandes Harami, a predominante presença masculina neste mercado se dá, principalmente, devido a questões culturais. "Observamos que existem mais homens em cursos que exigem mais lógica, na área de exatas, em cursos voltados para a parte técnica e isso se dá por questões culturais e educacionais. A menina, enquanto criança, ganha boneca e brinca de casinha, enquanto o menino já tem brinquedos que já vão favorecer todo esse raciocínio", avalia.
 
A aluna do curso de graduação em Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade Senac Goiás, Raquel Rodrigues da Costa, também percebe essa realidade em sala de aula e no mercado de trabalho. Ela conta que ao ingressar na faculdade, a diferença entre homens e mulheres na turma era gritante. "Quando comecei na faculdade eram 44 alunos e apenas 4 mulheres e agora, no terceiro período, são somente 3. No trabalho também são aproximadamente 30 pessoas divididas em equipes de desenvolvedores, de infra e de suporte, e apenas 3 mulheres", diz. 
 
O relato de Raquel confirma o levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE: 79% das mulheres que ingressam em cursos da área de TI abandonam a faculdade ainda no primeiro ano.
 
Incomum
 
Lembra da pergunta lá do começo da reportagem? Se você respondeu o nome de um homem é porque para muitas pessoas ainda é incomum relacionar as mulheres ao mundo da tecnologia. Profissional dá área há 21 anos, a instrutora Fabiana relata episódios em que teve sua capacidade questionada pelo simples fato de ser mulher, inclusive dentro da sala de aula. 
 
"Enquanto professora de TI, foram vários os momentos em que eu cheguei em uma sala de aula com um público totalmente masculino e eu era a única mulher. A primeira coisa que eles indagavam era se eu seria a professora ou se eu estava lá apenas para dar início ao curso. Já teve casos também vindos de alunas. Uma vez uma aluna chegou em mim no último dia do curso e me parabenizou. Ela disse quando viu que era uma mulher que ia dar aula, pensou que eu não seria capaz, mas que o curso foi ótimo", lembra Fabiana. 
 
Mesmo atuando há poucos meses no mercado, a aluna Raquel, que é suporte de informática em uma empresa de Goiânia, conta que já passou por algumas situações "diferentes". Ela, que trabalhou na mesma empresa por quatro anos como técnica de segurança de trabalho no Departamento de Pessoal, revela que algumas pessoas se surpreenderam ao vê-la no departamento de TI. "Quando eu falo que sou da TI, muitas pessoas se surpreendem, principalmente lá onde trabalho, pois quando entrei para esse departamento e muita gente já me conhecia de outra área. Percebo que as pessoas têm dificuldade em receber isso como algo normal", desabafa. 
 
Referências
 
Um estudo desenvolvido por pesquisadores europeus mostrou que equipes de TI que têm mais mulheres tendem a ter uma melhor comunicação. Mas, segundo a instrutora do Senac, esse não é o único diferencial que as mulheres proporcionam ao mercado da tecnologia. 
 
"Essa área sempre foi uma área extremamente técnica, mas tem sofrido mudanças e a visão feminina contribui muito. Aquele 'jeitinho' da mulher, a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, a empatia, a capacidade de se atentar aos detalhes. O público feminino tem muito a agregar ao mercado da tecnologia", afirma Fabiana.
 
"Para que isso seja possível, é importante também que as alunas de hoje tenham o exemplo de outras mulheres. Temos grandes mulheres que fizeram e fazem parte dessa história, mas infelizmente são histórias pouco contadas", sugere Fabiana, que possui vários cursos na área, além de ser autora de um livro e uma das três mulheres no Brasil certificadas pela AWS - Amazon Web Services. 
 
Futuro
 
Para a instrutora do Senac, muito ainda precisa ser feito e ela percebe que Goiás está no caminho certo. "Se há algum tempo nós tínhamos como referência apenas São Paulo e Brasília, hoje Goiás está aumentando a oferta de cursos nessa área, por isso acredito que isso tende a melhorar", espera Fabiana. 
 
Uma das formas de incentivar a presença feminina neste mercado, segundo ela, é a profissionalização. Por isso, ela cita como referência a iniciativa de algumas empresas que oferecem cursos exclusivos para o público feminino com o objetivo de formar e inserir a mulher no mercado de trabalho.
 
Assista à entrevista completa clicando aqui.
 
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