"Inteligência artificial - uma das últimas invenções só do homem"
As próximas serão co-criações entre IA x homem, analisa o professor Celso Camilo (CEIA/UFG). Ferramentas de segurança, valor dos dados e importância da IA para o comércio, serviço e turismo foram temas da 2ª. Expo Fecomércio
A programação na tarde de sexta-feira, 18/10, durante
a 2ª. edição da Expo Fecomércio, no espaço Arena Missão Digital Senac Infinite,
destacou o tema ‘Inteligência artificial para a tecnologia da informação’.
O palco recebeu grandes profissionais que falaram de pontos essenciais para o
sucesso das empresas do comércio, serviços (do campo e da cidade) e turismo. O
público conferiu apresentações dos palestrantes Douglas Cristovão, especialista
de segurança da empresa Check Point; Marlon Menezes, engenheiro de sistemas da
empresa Nutanix; e o professor Celso Camilo, co-fundador do Centro de Excelência
de Inteligência Artificial (CEIA) da Universidade Federal de Goiás (UFG). A 2ª.
Expo Fecomércio, a 17ª. Feira do Imóvel e a Feira do Empreendedor aconteceram
entre os dias 17 a 20/10, no Centro de Convenções de Goiânia, numa realização
do Sistema Fecomércio, Sesc, Senac Goiás, em parceria com o Sebrae, Secovi,
Ademi e Sinduscon Goiás.
‘A inteligência artificial com excelência’
foi o tema exposto pelo professor Celso Camilo (CEIA/UFG), reconhecido como o maior
centro nessa especialidade do país e da América Latina, atuando com mais de 500
especialistas, desenvolvendo mais de 60 projetos e atendendo cerca de 40 empresas,
atualmente. O centro é acessível a todos e o seu foco é a transferência de
tecnologia para a sociedade. Professor Celso destaca que a tecnologia está
sempre a serviço da evolução humana. As ferramentas nos proporcionam processos
melhores, mais baratos e mais rápidos. “Toda ferramenta que a gente cria
enquanto homo sapiens é para catapultar a nossa qualidade de vida. A inteligência
artificial (IA) vem nessa esteira como ferramenta para melhorar o nosso
dia a dia. A tendência é de crescimento e evolução com a IA. Nosso objetivo
agora é controlar e regular estas partes”, destacou professor Celso.
O cenário é de que o surgimento de novos produtos e
serviços será em parceria entre o homem e a IA, analisa professor Celso.
“Passamos pelas várias revoluções, como a industrial até os dias atuais com o
uso da inteligência artificial. Vivemos numa curva ascendente da tecnologia e
em constantes mudanças. O efeito social que a tecnologia provoca nas pessoas é
parte da nossa evolução. Entramos no ciclo em que, provavelmente, a IA foi uma
das últimas invenções criada só por humanos. A partir de então, pela capacidade
que a IA já tem, o humano vai co-criar com essa ferramenta, gerar soluções
ainda mais rápidas e melhores, contribuir com invenções de novos produtos e
serviços, desde medicação até a criação de novas teorias”.
A exposição do professor Celso e a importância da IA
estão referenciadas por vários fatos, mas sobretudo, pela entrega dos prêmios
Nobel de Física e o Nobel de Química deste ano. Dia 9/10, a Academia Real das
Ciências da Suécia entregou o Prêmio Nobel 2024 em Química para David Baker (Universidade
de Washington), John M. Jumper (Google DeepMind United Kingdom), ambos
estadunidenses, e Demis Hassabis (Google DeepMind United Kingdom), britânico.
Eles decodificaram particularidades das proteínas, que são fundamentais para
células humanas, por meio da IA e da computação. No dia anterior (8/10), os
cientistas John Hopfield e Geoffrey Hinton foram os vencedores do Nobel de
Física por terem realizado pesquisas sobre o aprendizado de máquinas e redes
neurais artificiais, com estudos fundamentais para o desenvolvimento da IA.
Professor Celso avalia ainda que, “o futuro do
trabalho será configurado com o deslocamento da mão-de-obra para novas vagas,
novos empregos. Com tal deslocamento, as pessoas vão precisar de capacitação.
Então teremos um problema social em que o modelo econômico vai ter que
resolver. Mas, o fato é que novas profissões vão ser inventadas, novas empresas
vão ser construídas e pessoas vão se recolocar nessas posições para resolver
esse tipo de problema. E, enquanto indivíduos, nós vamos ter que melhorar um
pouco o que nós entendemos como ser humano. Teremos janelas de oportunidades
daqui para frente, a partir do momento em que deixarmos as tarefas repetitivas para
os robôs, teremos um reposicionamento do ser humano”, completa Celso Camilo.
IA x segurança
Douglas Cristovão expôs sobre ‘Inteligência
artificial em alta performance’, detalhando como agregar a IA com segurança
e proteção aos clientes das empresas. Ele lembrou que foi aluno do Senac em
2009 e, agora, como especialista de segurança da Check Point, teve a
oportunidade de mostrar aos participantes o quanto a segurança é fundamental no
uso da IA.
Check Point é uma empresa de segurança cibernética e
parceira do Senac e o especialista Douglas Cristovão apresentou serviços que a
companhia oferece aos seus clientes. “Criamos ferramentas que dão segurança às
empresas e atuamos com três soluções para tal implantação – solução
compreensiva, solução colaborativa e a solução consolidada. Isto porque, quando
o hacker ataca uma determinada vítima, ele vai tentar uma vulnerabilidade. E
por isso mesmo, na plataforma Check Point existem pontos para identificar um
padrão de ataque do intruso”, informa Douglas Cristovão.
“Temos presenciado ataques em larga escala. Em 2023
foram catalogados mais de cinco mil ataques em larga escala, como por exemplo,
em hospitais, órgãos públicos e empresas privadas. Assim sendo, analisamos que
quem dispara os ataques usa uma plataforma, com toda estrutura para atingir
pontos fracos das redes das vítimas. A empresa que compra nossos serviços estará
prevenindo situações penosas ao negócio e, portanto, reconhece que esta é uma
estratégia acertada para amenizar problemas na gestão de riscos”, garante o
especialista. A Check Point nasceu em 1993 e, somente em 2023, mais de três milhões
de ataques foram prevenidos com uso das soluções de ciber segurança fornecidas aos
seus clientes.
‘Como construir sua própria plataforma GPT’
foi o tema da palestra do engenheiro de sistemas da empresa Nutanix, Marlon
Menezes, que está há 20 anos atuando com tecnologia da informação. A
inteligência artificial veio para resolver problemas baseados em algoritmos
treinados para resolver um problema. Os dados são de extremo valor para as
empresas, que devem organizá-los de forma estratégica e com propósito, pois
para usar IA é preciso ter dados. O governo federal lançou o plano nacional de
IA, como o intuito de dar direcionamento aos usuários.
De acordo com o engenheiro, o uso da IA apresenta
crescimento exponencial, sendo que, “em 2023, 70% das empresas apenas exploraram
a IA. Enquanto que, em 2024, 35% das empresas estão explorando a IA e cerca de
60% das empresas passaram a utilizar a IA em seus serviços”. Marlon faz alertas
para quem for usar a IA. “Os usuários devem evitar alguns erros como, usar a mesma
fórmula para todos os problemas; usar sem propósito; e antes de atuar com a
inteligência artificial, a empresa tem que analisar se tem plataforma,
infraestrutura, pessoas e recursos tecnológicos necessários para implantar a
inteligência artificial”, destaca o engenheiro.
Dentre os serviços ofertados pela Nutanix para implantar
a IA, Marlon Menezes relacionou alguns como, a pilha completa de IA (implante
de um conjunto selecionado de LLMs*, usando as principais estruturas de
IA de código aberto); entrega o pacote em qualquer lugar (da borda de pequena
escala à nuvem privada de grande escala); serviços de dados integrados (ajuste
e execute GPTs enquanto mantém o controle de dados e aplicativos).
*LLMs
são grandes modelos de linguagem de IA que entendem e geram linguagem natural e
outros tipos de conteúdo. Por exemplo, o chat GPT.