Tradicionalmente, o horário de expediente das empresas acontece entre 8h e 18h. Mas se tratando de produtividade, será que as instituições conseguem extrair 100% da capacidade produtiva e da atenção de seus colaboradores dentro do horário comercial? Esse questionamento tem levado empresários e empreendedores a buscarem outros modelos de trabalho e gestão do tempo que gerem mais produtividade e engajamento. O cronotrabalho é uma dessas opções.

O instrutor de Gestão do Senac Goiás, José Antônio Tavares, explica que o cronotrabalho é a adaptação do indivíduo ao seu ritmo biológico, ou seja, ao seu cronotipo. “Cada um de nós tem um ritmo. Tem pessoas que funcionam melhor, ou seja, que estão mais atentas, alertas e engajadas no período da manhã, outras à tarde, e outras à noite. Tem gente que funciona em períodos integrados, como manhã e tarde ou tarde e noite”, descreve.

Um dos fatores que acelerou a busca por outros modelos de trabalho, segundo Tavares, foi a pandemia, pois a mesma provocou discussões e promoveu o surgimento de novas soluções sobre a perspectiva da produtividade, do bem-estar e da qualidade de vida. Jornada de trabalho de 4 dias, homeworking, nomadismo digital e trabalho híbrido são exemplos de novas formas de trabalhar que passaram a ganhar destaque. 

A jornalista e mentora em comunicação Maraísa Lima trabalha de forma autônoma há oito anos. Ela identificou que seu cronotipo é vespertino e por isso passou a regular suas horas de sono e a implantou algumas estratégias, como não marcar compromisso à noite e evitar agendar reuniões no fim do dia.

“Eu identifiquei meu cronotipo e organizei minha rotina de acordo com o meu tempo de sono. Passei a acordar mais disposta e a ver vários benefícios dessa rotina em meu corpo.  Com conhecimento é possível entender melhor o que seu corpo precisa e ajustar-se ao ritmo biológico dele. Os resultados na mudança de comportamento são muito visíveis e impactantes. Essas mudanças com certeza vão ajudar a pessoa a ter uma melhor gestão do tempo e ser mais produtiva”, estimula Maraísa.

Tavares afirma que antes de mais nada é importante identificar se o cronotrabalho é um mecanismo oportuno e praticável dentro da realidade de cada profissional e empresa. 

“É viável para todo mundo? Eu acredito que não porque muitas pessoas estão acostumadas a trabalhar na jornada de trabalho tradicional, das 8h às 18h, com duas horas de almoço. Também é importante avaliar se o segmento trabalha permite trabalhar de acordo com o cronotipo. Eu acredito que o cronotrabalho vale muito a pena principalmente para empresário, empreendedores e profissionais liberais”, reconhece José Antônio Tavares.

Benefícios

Um dos benefícios do cronotrabalho, pontua o instrutor do Senac, é a redução do estresse e da ansiedade, visto que diminui a angústia de precisar trabalhar mais sem ter energia para isso. 

Outro ponto benéfico é a flexibilidade e a continuidade operacional. Empresas que adotam o cronotrabalho podem manter suas operações funcionando de forma contínua, aumentando a produtividade e a eficiência.

A flexibilidade e adequação a diferentes estilos de vida é outro ponto positivo deste modelo de trabalho. Trabalhadores que preferem horários alternativos, como pais que precisam conciliar trabalho e cuidado dos filhos, encontram no cronotrabalho uma opção viável.

Como nem tudo são flores, também é preciso ficar atento aos desafios sociais e psicológicos do cronotrabalho, orienta Tavares. Trabalhar em horários não convencionais pode levar a dificuldades de relacionamento, isolamento social e impactos psicológicos, como depressão e ansiedade.